Por: Profª e Historiadora, Regina Maria Freire Oliveira
A história da Independência do Brasil, ocorrida no dia 7 de setembro de 1822, tem como marco o famoso “Grito do Ipiranga”. Essa história é de conhecimento de todos os brasileiros desde a infância, afinal é uma das páginas mais importantes da História do Brasil e tradicionalmente enfatizada nas escolas, instituições culturais e diversos órgãos públicos, entre outros.
É quando as crianças desenham a bandeira brasileira, elaboram textos, estudam com mais profundidade o Hino da Independência, cantam o hino nacional, participam de solenidades, elaboram peças teatrais, participam de gincanas, enfim as escolas, seus professores e estudantes exploram ainda mais a história do Brasil e intensificam mais e mais as iniciativas efervescentes em torno do tema.
Fora das escolas as outras instituições públicas hasteiam a bandeira, algumas realizam solenidades, promovem corridas de bicicleta, campeonatos de futebol e outras atividades esportivas, enfim tudo se volta para o sentido da data. Enfim, é nessa época que as escolas e outros órgãos públicos se unem no que popularmente chamamos de “Desfile de 7 de setembro”.
Ao longo dos 69 anos de emancipação política de Bataguassu a tradição do Desfile Cívico de 7 de Setembro, nem sempre o evento ocorreu com regularidade, mas nos últimos anos a atividade tem acontecido sem interrupção, exceto nesses últimos dois anos, devido a Pandemia do novo Corona vírus.
O desfile cívico, além de evocar uma data comemorativa que nunca é esquecida, traz a oportunidade de repensar relações sociais, políticas, econômicas, educacionais, ambientais e infinitas possibilidades crítico-educativas. No atual momento, quando comemoramos os DUZENTOS ANOS DA INDEPENDÊNCIA DO BRASIL, os ânimos são os mesmos, mas há uma significação ainda maior, afinal são dois séculos de um governo livre de Portugal.
É momento de refletirmos sobre como se deu a independência e o caminho percorrido até hoje. O que mudou? Em que avançamos? Essas e muitas outras reflexões devem ser feitas por todos, fortalecendo o conhecimento crítico dos brasileiros. Portugal não queria a independência do Brasil. Foi exigido que D. Pedro voltasse para Portugal. Mas era tarde. O Brasil estava em polvorosa. Já havia acontecido uma porção de atos revoltosos em alguns estados. D. Pedro rompeu com Portugal e declarou publicamente que ficaria no Brasil. O jeito foi ceder às pressões de grande parte do povo brasileiro que queria ver o Brasil livre de Portugal, mas houve um custo altíssimo.
A Independência do Brasil custou uma indenização de 2 milhões de libras esterlinas. Assim o Brasil se tornou independente. Desvinculamos nossos laços coloniais com Portugal e iniciamos um novo período cultural, sociológico e histórico no país. Aí nasceu a dívida externa. Esse fato é apenas um detalhe que demonstra o quanto a independência total do Brasil foi gradual e seus ecos perduram até hoje. Não foi um passe de mágica que mudou tudo da noite para o dia. Pesava também o fato de que muitas autoridades brasileiras e descendentes de portugueses eram contra a independência, assim como também seria, muito tempo depois, contra a abolição da escravidão.
Um dado bastante relevante é que em 21 de fevereiro de 2008 o Banco Central do Brasil informou que o Brasil possuía recursos suficientes para quitar a sua dívida externa. Nesse ano o país registrou reservas superiores à sua dívida externa do setor público e do setor privado. Foi a primeira vez na história do País que o Brasil deixou de ser devedor líquido.
O Brasil mudou muito ao longo desses DUZENTOS ANOS DE INDEPENDÊNCIA. Avançamos muito, mas ainda resistem diversos hábitos ultrapassados em nossa cultura. Esses hábitos estão impregnados no comportamento de muitas autoridades e mesmo de alguns brasileiros comuns, que carregam em seus comportamentos o ranço típico dos velhos coroneis, das velhas oligarquias, dos senhores de engenho, da Casa Grande e Senzala, como escreveu o genial sociólogo e escritor Gilberto Freyre.
Nesses duzentos anos a palavra de ordem é PENSAR. É necessário que levemos os brasileiros ao pensar, pois a independência começa dentro de cada brasileiro. Livre e independente é o homem que pensa. (R.M.F.O).