Corumbá

Mãe denuncia que filho autista sofre assédio e constrangimento em escola de MS

Fonte: Correio do Estado – Foto: Divulgação

A autônoma Silva Villalva, 35 anos, vive um drama há cerca de 4 anos, quando o filho Gabriel, de 10 anos, passou a ser excluído e assediado moralmente na escola onde estuda por ser autista. O caso já foi alvo de diversas denúncias para diferentes órgãos, em Corumbá, mas sem respostas ou solução.

Ela afirma que, tanto ela quanto o filho, já sofreram assédio moral, constrangimento indevido, filmagens não autorizadas da criança, discriminação, preconceito, exclusão social e coações.

De acordo com a mãe, a criança estuda na Escola Municipal Pedro Paulo de Medeiros desde os anos iniciais e, logo no início, não foi bem recebido pela diretora, que teria dito que “criança com deficiência tem que ficar em casa, já que não produz nada”.

Silvia conta que, na época, o menino estava em acompanhamento com uma neuropediatra, mas ainda não tinha o diagnóstico final de Transtorno do Espectro Autista (TEA) e era tratado como deficiente pela diretora.

“A diretora mandava eu dar remédios para ele, queria que eu levasse meu filho dopado para a escola”, conta a mãe, que diz que a diretora gritava de longe sobre os medicamentos e na presença de outras pessoas, expondo ela e o filho.

Mesmo após o diagnóstico, a situação piorou, pois a escola não possui profissional capacitado para lidar com os estudantes do espectro autista, e a criança passou a ser excluída em sala de aula.

Uma professora de apoio, que acompanha Gabriel, quando questionada sobre a evolução do menino, disse à mãe que foi proibida pela direção de aplicar atividades diferenciadas para o estudante.

A mãe informa que há várias situações, comprovadas por meio de fotos, que mostram Gabriel isolado em uma carteira virada para a parede em sala de aula. Além disso, ela informa que, mesmo não tendo deficiência física e podendo se locomover, ele não pode usar o banheiro comum junto aos demais alunos.

Além disso, comportamentos comuns à idade são atribuídos a condição de autista e motivo para a mãe ser chamada na escola.

“Ele não é tratado como criança, é tratado como autista. Qualquer comportamento comum de criança, eles me mandam buscar ele, se ele pega um lanche, se ele encosta no material de alguém, me mandam dar remédio, são situações normais de criança, e outras crianças com comportamento similar não são tratadas da mesma forma, mas ele não pode porque é autista”, conta Silvia.

Ela ressalta ainda que várias situações são expostas na frente de outras pessoas na escola ou em grupos de WhatsApp.

“Não me chamam para conversar, eles gritam no meio da sala, mandam no grupo de WhatsApp da turma, é sempre uma humilhação”, narra Silvia.

Durante a pandemia, quando todas as atividades e comunicação eram feitas online, a criança nunca era incluída junto a turma, com o nome sempre sublinhado e precedido por asterisco, fora da lista dos demais alunos, mesmo fazendo parte da mesma classe.

Ela relata também que durante as reuniões escolares, os profissionais solicitam que ela aumente a dosagem da medicação do filho, mesmo o menino tendo acompanhamento e sendo constantemente reavaliado pela médica.

“Acabam deixando implícito que querem ele quase dopado”, disse a mãe, que acrescenta que a direção já a questionou se o filho não é esquizofrênico, mesmo ele tendo o diagnóstico de TEA há seis anos.

Por fim, Silvia informa que já foi pressionada, por diversas vezes, para trocar o menino de escola, sendo assim vítima de coação.

Ela relata que os fatos também interferem em suas questões de trabalho, por ser constantemente chamada na unidade escolar, e na saúde psicológica, visto sofrer constante assédio moral e desamparo.

Silvia já fez denúncias na Secretaria Municipal de Educação de Corumbá, Polícia Civil, Ministério Público Estadual (MPMS) e Controladoria Geral do Município, mas nunca obteve nenhuma resposta e a situação nunca foi solucionada.

Após uma das denúncias, a neuropediatra do filho informou que recebeu contato de uma pessoa que se identificou como funcionária da Secretaria de Educação e a questionou se o paciente estava fazendo uso da medicação controlada, o que Silvia classifica como uma tentativa de desqualificá-la quanto aos cuidados da criança.

Ao Correio do Estado, a mãe apresentou cópias dos protocolos de todas as denúncias e boletins de ocorrência realizados, além das mensagens enviadas onde o filho aparece excluído, o que comprova as denúncias relatadas.

O Correio do Estado entrou em contato com a Prefeitura e Secretaria de Educação de Corumbá, para saber o que está sendo feito sobre o caso, se há algum procedimento a ser adotado devido às denúncias ou o que pode ser feito neste caso, mas não obteve retorno até a publicação desta reportagem.

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