Fonte: Correio do Estado
Onze dias depois de reabrir as comportas na usina Porto Primavera e liberar um volume histórico de até 14,7 mil metros cúbicos de água por segundo, a Companhia Energética de São Paulo voltou a operar na normalidade nesta segunda-feira e a vazão recuou para apenas 5 mil metros cúbicos por segundo, o que deve fazer com que a nível da água recue das fazendas que voltaram a ficar debaixo de água em Batayporã
Depois de terem sido fechadas no dia 31 de março, as comportas foram reabertas no dia 13 de abril, em decorrência do excesso de chuvas na bacia do Rio Paraná. Nos dias 20 e 21 a vazão atingiu o pico histórico dos 20 anos da hidrelétrica, com 14 e 14,7 mil metros cúbicos por segundo, respectivamente. Esta vazão toda, segundo a Cesp, foi necessária depois das fortes chuvas no dia 18 de abril.
Mas, além do fechamento das comportas de Porto Primavera, o alívio nas fazendas alagadas em Batayporã depende também da vazão da hidrelétrica de Itaipu. E, conforme as informações do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), no dia 22 passaram por Itaipu 16,6 mil metros cúbicos por segundo.
Para o pecuarista Paulo Carvalho, que está com a Fazenda Pontal submersa desde janeiro, se Itaipu liberasse mais água os alagamentos não aconteceriam na região de Batayporã. Ele lembra que além da água de Porto Primavera, as fazendas da região são atingidas também pala água do Rio Paranapanema.
Juntando a água do Paraná e Paranapanema, o volume ultrapassa os 16 mil metros cúbicos que estavam sendo liberados por Itaipu até segunda-feira. E isso sem contabilizar todos os outros rios que desembocam mais abaixo.
De acordo com o fazendeiro, se Itaipu liberasse cinco ou seis mil metros cúbicos a mais que Porto Primavera, as fazendas de Batayporã e moradores de Porto São José (MS) e Porto Rico (PR), praticamente não teriam prejuízos com a cheia. Além disso, se Itaipu ficasse aberta por mais alguns dias, a água rapidamente baixaria e os alagamentos em Mato Grosso do Sul acabariam mais cedo.
Por conta da alta vazão entre os dias 19 e 21, o nível do Rio Paraná subiu mais de um metro em apenas um dia, invadindo pela terceira vez desde janeiro as casas de funcionários de sua fazenda, na qual ele só chega de barco desde janeiro, quando as comportas de Porto Primavera foram abertas pela primeira vez.
Ele relata que foi obrigado a retirar seus dois mil bovinos da fazenda e atualmente estão espalhados em fazendas a até 60 quilômetros de distância. Mas, mesmo depois que a água baixar, o que deve acontecer a partir de agora, ele não terá como voltar para suas terras.
“As estradas acabaram e só com retroescavadeira, patrola e trator de esteira será possível reconstruir tudo. As cercas apodreceram e vou levar semanas para reconstruir tudo. E o pior, a água podre que desceu no começo matou até as pastagens nativas, que vão demorar meses para crescer”, lamenta o fazendeiro que não tem noção do tamanho do prejuízo que sofreu. Mas, garante que as perdas são milionárias.
E para tentar reparar estes danos, o Ministério Público de Batayporã já instaurou inquérito para exigir ressarcimento. A promotoria quer ouvir a Cesp, proprietária da usina de Porto Primavera, fazendeiros, Defesa Civil e prefeitura de Batayporã para tentar calcular o tamanho das perdas.