Fonte: Campo Grande News – Foto: Polícia Civil / MS
A Polícia Civil confirmou, na tarde desta terça-feira (11), durante coletiva na delegacia de Naviraí, que a dona de uma creche, denunciada por agredir e torturar crianças, também as humilhava na frente das outras.
À imprensa, a delegada titular da DAM (Delegacia de Atendimento à Mulher), Sayara Quinteiro Martins Bartz, disse que uma das funcionárias e a proprietária do local pediam para as crianças formarem uma espécie de “rodinha” e gritarem em coro a palavra “mijão”, para aqueles que acabam fazendo xixi na roupa.
Além da situação vexatória, os menores eram torturados pela mulher, que colocava pano na boca das crianças e dava tapas nos bebês, principalmente daqueles que choravam por algo ocorrido.
O espaço particular não possuía nenhum alvará para funcionar, bem como a proprietária da creche não tinha nenhuma formação para lidar com cuidados de crianças. A delegada confirmou que a mulher trabalhou como babá no passado e que, através do que aprendeu na prática, abriu o espaço, que funcionou na casa dela por quatro anos e desde janeiro neste novo local.
Descoberta – A denúncia surgiu através de uma criança que frequentou a creche, mas não foi agredida. Na escola onde estava estudando, apresentava comportamento de ansiedade, estresse e choro repentino.
A escola acionou o Conselho Tutelar, que fez a denúncia na Polícia Civil. A equipe de investigação solicitou à Justiça para instalar câmeras de videomonitoramento no local e foi autorizada.
Nesta segunda-feira (10), a equipe de inteligência começou a analisar as imagens em tempo real e, em poucas horas, comprovou as agressões. No vídeo, foi registrado a proprietária agredindo uma criança, batendo a cabeça dela contra o sofá.
Diante do perigo que os menores sofriam, decidiram prender as mulheres em flagrante. Ao mesmo tempo que os policiais se deslocavam para a creche, outra equipe que ficou acompanhando as imagens disse ter visto a mulher administrando um medicamento para que as crianças dormissem parte do dia.
A mulher foi presa em flagrante e responderá pelo crime de tortura. Uma das funcionárias também foi detida, mas pagou fiança e responderá pelo crime de omissão de tortura em liberdade, uma vez que ela não agredia as crianças, mas não fazia nada para impedir.
Ao todo, 36 crianças entre 11 meses a 7 anos de idade ficavam sob a responsabilidade das mulheres. Todos os pais estão sendo contatados e, até o momento, 10 já prestaram depoimento.
Na delegacia, disseram que percebiam que as crianças voltavam para casa com fome e sede, além de muito sonolentas ao longo do dia, mas que não desconfiavam das agressões.