Fonte: Correio do Estado / Foto: Bruno Rezende
Cerca de 30% da produção que alimenta os estudantes da rede estadual de ensino são produzidas pela agricultura familiar de assentados e indígenas em Mato Grosso do Sul. Conforme divulgado, o recurso será aplicado na aquisição de alimentação sustentável.
O governo do Estado celebra a parceria de sucesso e garante que investir em alimentação de qualidade, produzida por pequenos produtores, fomenta o setor e leva comida saudável aos estudantes. Os produtos variam entre frutas, verduras, derivados do leite e pães.
São 79 municípios atendidos por agricultores do segmento que precisam ludar com condições climáticas, para manter a produção, garantindo a colheira e o abastecimento das escolas estaduais. Como o caso da assentada Janize Soares da Silva, de 49 anos, que reside no Assentamento Terezinha, em Sidrolândia.
A agricultora conta expandiu a produção entre frutas, verduras e hortaliças. Para garantir a qualidade dos alimentos, isto é, produção sustentável, teve que aprender a respeitar o meio ambiente.
“Sempre tive o cuidado de fazer uma produção saudável, agroecológica, respeitando o meio ambiente. Entrego alface, cheiro verde, couve, cenoura, verduras e frutas para as escolas. Faço entrega sempre na segunda-feira, atendendo sempre o que eles precisam, seguindo o cardápio da merenda”, explicou a agricultora.
Há 15 vendendo sua produção ela possui 15 hectares e com seu trabalho atende duas escolas estaduais Sidronio Antunes de Andrade e a escola que fica em uma aldeia, Kopetoni de Professor Lúcio Dias em Sidrolândia.
“A entrega para escolas é meu carro chefe, já que é uma venda garantida, ajuda muito na minha rendam, faz a diferença no final do mês. Já em dezembro começo a plantar culturas, que vou entregar em fevereiro”, contou.
Para levar seus produtos, a Agência de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural (Agraer), prestou auxílio a produtora no levantamento de toda documentação necessária para conseguir participar das chamadas públicas.
Além de auxiliar a produtora com as questões burocráticas, a Agraer também está aberta para atender com outras demandas como imprevistos que podem ocorrer. “Meu diálogo com os diretores é ótimo, quando temos algum problema ou imprevisto na plantação eles entendem e combinam as entregas para outras datas, até por terem outros fornecedores”.
O trabalho gerou emprego e hoje a produtora conta com dois colaboradores que levam a produção até as escolas e também vendem em feiras no município. “Minha satisfação é produzir algo saudável que vai chegar para as crianças nas escolas. No próximo ano queremos aumentar a produção e chegar a mais lugares, este é o nosso objetivo”, ponderou.
Comunidade Terena
Na aldeia Bananal em Aquidauana, 11 mulheres organizaram e criaram a Associação Mulheres Solidárias Indígenas Terena, que promove o desenvolvimento de ações sociais e iniciaram o processo da produção de pães entregues nas escolas estaduais do município.
Após o trabalho social iniciado há 4 anos, em 2022, na casa de uma delas iniciaram a produção de pão caseiro. Hoje a associação produzi pão francês, caseiro, pão com abóbora colhido na própria região.
“O foco principal das mulheres é a renda, mas o nosso objetivo é também levar proteção, segurança, visibilidade a elas, além de ajudar a quem precisa, trabalhar o social de toda aldeia. No começo houve muita desconfiança, até porque pela cultura terena as mulheres ficam em casa e os homens a frente de tudo, com muitas dificuldades, seguimos em frente e geramos renda extra nas casas”, contou Daniele Luiz de Souza, que é a idealizadora da Associação.
A produção realizada na casa da mãe de Daniele que possui equipamentos de panificadora por ter trabalhado no ramo. Em torno de 16h o grupo se reúne e começam a preparar a massa e a atividade ai até a noite. Pela manhã, a massa está pronta para ser assada e os pães fresquinhos são levados para creches e escolas estaduais Felipe Orro e Coronel José Alves Ribeiro (Cejar).
“Começamos a atender as creches quase todo dia com a produção de 67 kg de pães. Teve repercussão muito boa nossos produtos, o que nos deu trabalho dobrado. Hoje minha irmã que faz parte da associação faz a entrega com seu carro nas creches e escolas. São oito mulheres produzindo e mais três ajudando em todo processo”, disse ela.
Ivanilda Pereira e Dalila Luz entraram no projeto para melhorar a renda em casa, pensando nos filhos. Com os pães prontos, Dalila fica responsável de realizar a entrega todos os dias às 7h nas escolas.
“Desde pequena moro na aldeia e minha mãe criou os filhos dela fazendo pães com muito carinho e dedicação. O maquinário que usamos é o dela. Eu faço a entrega com meu carro na cidade e tenho que chegar bem cedinho nas escolas. Este trabalho está ajudando muitas mulheres, aqui na aldeia não tem nenhuma renda, assim elas podem contribuir com o orçamento da família, em um trabalho comunitário”.
Observando o potencial do negócio, a ideia do grupo é aumentar a produção para conseguir mais maquinários e ter na aldeia uma padaria comunitária. Deste modo mais mulheres podem ser empregadas.
“Vamos correr atrás deste sonho (padaria comunitária), o trabalho não pode parar. Junto iremos ampliar nossas capacitações, para que além das escolas, levar nossos produtos a empresas, mercados e comércio em geral. Principalmente nossos produtos com diferenciais da nossa cultura. Não queremos o espaço de ninguém, apenas o nosso e vamos crescer juntas”, destacou Daniele Souza.