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Polícia Federal

Polícia Federal prende ex-comerciante de Bataguassu pelo envio de R$ 324 milhões a países estrangeiros

Com informações de: Jornal Cenário MS e Campo Grande News

Foto: Redes sociais

Foi presa no dia 03 de fevereiro em Campo Grande, a advogada Eliane Medeiros de Lima, ex-moradora e comerciante em Bataguassu, e proprietária da GLA Serviços de Tecnologia Ltda. Ela se tornou alvo da Operação Kryptos no ano passado, por envio de R$ 324 milhões a países estrangeiros. Conforme divulgado pelo jornal Extra, em outubro de 2021, a PF (Polícia Federal) chegou a indiciar a advogada, dona de corretora de criptomoedas, por enviar a países estrangeiros o segundo maior montante associado à GAS, iniciais de Glaidson Acácio dos Santos, conhecido como o “Faraó dos Bitcoins”. A remessa ficou atrás somente da esposa dele.

Policiais federais foram à casa da advogada que foi proprietária de uma lotérica em Bataguassu em 2006 e também ao seu escritório. Ao término dos mandados de buscas, que teve como foco desarticular organização criminosa responsável por fraudes bilionárias envolvendo criptomoeda, foi dada ordem de prisão e a advogada foi levada para uma cela especial, apartamento no Presídio Militar.

Conforme apurado pelo Campo Grande News, relatório mostra que a movimentação financeira da advogada saltou de R$ 793 mil em 2017 para R$ 1,9 milhão no ano de 2020. O relatório da PF também traz dados sobre a GLA. A empresa saiu de créditos de R$ 10.281 em 2018 para R$ 444 milhões em 2020. Conforme informado à Receita Federal, a GLA Serviços fica localizada na Rua Paraná, bairro Santa Fé, mesmo endereço do escritório da advogada.

De acordo com a Polícia Federal, uma advogada, responsável pela administração de duas empresas sediadas em Campo Grande, desenvolvia o papel de intermediar a movimentação financeira entre a principal empresa investigada na Kryptos e empresas estabelecidas no exterior.

“Apurou-se que esse braço da organização criminosa investigada também foi o responsável pela criação de uma corretora de criptoativos, concebida possivelmente com o intuito de obstar a ação de bloqueio e posterior confisco dos valores movimentados pelo esquema criminoso, por parte dos órgãos da persecução penal”, informa a nota da PF.

A Justiça Federal determinou que a OAB/MS (Ordem dos Advogados do Brasil) acompanhasse o cumprimento dos mandados na residência e no escritório de Eliane Medeiros de Lima. Os trabalhos foram acompanhados pela Comissão de Defesa e Assistência das Prerrogativas dos Advogados, presidida por Silmara Salamaia Gonçalves.

Eliane tem OAB cancelada em Mato Grosso do Sul, mas tem registro em situação regular na seccional de São Paulo.

“O braço da organização criminosa comandado por Eliane é responsável pela remessa e recebimento de valores da GAS para o exterior por meio de criptoativos”, conclui o relatório da PF.

“Faraó dos Bitcoins”

A ligação entre Glaidson Acácio dos Santos, conhecido como “Faraó dos Bitcoins”, e a advogada ex-moradora de Bataguassu teve inicio em 2019, conforme a Polícia Federal. Glaidson é acusado de comandar um esquema de fraudes bilionárias a partir de sistema de pirâmide financeira envolvendo criptomoedas. Pelo menos R$ 38,2 bilhões foram movimentados entre os anos de 2015 e 2021 no Brasil e no exterior.

Em 2019, a PF deflagrou a operação Madoff, contra a LLS Gestão de Tecnologia – que era na época uma grande parceira de Glaidson. Investigações apuraram atividade ilegal de administração de investimentos em criptomoedas. O dono da empresa foi um dos alvos e a LLS acabou baixada em 30 de novembro de 2020.

Com a LLS Gestão de Tecnologia fora do circuito, a investigação aponta que Glaidson passou a operar em Campo Grande com a SRS Cobranças Ltda, que recebeu R$ 600.000,00 da G.A.S, empresa com as iniciais de Glaidson Acácio dos Santos.

Em outubro de 2019, a SRS foi rebatizada de GLA Serviços de Tecnologia Ltda. “De maneira rápida, a GLA se tornou a segunda maior destinatária de recursos de Glaidson, ficando atrás somente da M Y D de sua companheira Mirelis, tendo recebido R$ 324.883.458,11 entre julho de 2019 até dezembro de 2020”, informa o relatório da Polícia Federal.

Comunicado bancário ao Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) detalhou que, num dos casos, a G.A.S creditou R$ 64.906.615,93 na conta de titularidade da GLA. Na sequência, a GLA transferiu R$ 64.801.224,00 para uma terceira empresa.

A análise é de que a GLA se tornou uma intermediária para a remessa de dinheiro ao exterior, por meio de criptomoedas, além de repassar parte de seus valores para diversas pessoas físicas, indicativo de que também desempenhava o papel de intermediária da G.A.S. com os investidores.

Para a investigação, a advogada divagou quando consultada sobre o tema, “calcando a omissão na prestação de informações esclarecedoras em uma cláusula de confidencialidade inserida em um contrato celebrado entre as partes”.

Criptomoedas

No ano passado, a 13ª Vara Cível de Campo Grande determinou o bloqueio de R$ 455 mil de Elaine Medeiros de Lima por pirâmide financeira, prática rebatizada como marketing multinível.

A proposta era obter renda com os serviços de compra e venda de moedas virtuais. As ações poderiam ser compradas com investimento de R$ 2 mil a R$ 10 mil. A promessa era rentabilidade mensal mínima de 299 dólares por ação.

Conforme a denúncia, a advogada foi uma das criadoras da plataforma de investimentos e trade de criptomoedas denominada Cointrade Crypto Exchange, formada inicialmente no Uruguai. Na sequência, foi criada a Cointrade C.X, com sede em São Paulo, para operar no Brasil.

Outro Lado

A reportagem do Campo Grande News não conseguiu contato com a defesa de Eliane Medeiros de Lima. A equipe foi ao escritório da advogada, na Rua Paraná, mas não foi atendida.

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