“Eu entendo que a vontade popular é sempre soberana, você acata o resultados das urnas. Esse sempre foi meu pensamento, eu sou democrata”. A frase é do ex-governador André Puccinelli (MDB), que, neste domingo (2), teve de se despedir do projeto de voltar ao comando de Mato Grosso do Sul sete anos depois de deixar o Governo.
Aos 74 anos e ainda processando a derrota nas urnas, André preferiu não comentar sobre o futuro. O emedebista disse estar surpreendido, apesar de aceitar o resultado. “Foi surpresa para nós, porque todos os institutos de pesquisas davam que se estávamos liderando”.
André acredita que sua candidatura tenha sido atropelada pelo pedido de apoio a Capitão Contar (PRTB) feito, ao vivo, por Jair Bolsonaro (PL). Aparentemente, depois da quinta-feira (28), eleitores que diziam votar em Puccinelli migraram para o deputado estadual a pedido do presidente. “Parece que sim, porque as pesquisas que me colocavam na liderança foram anteriores ao debate”.
O ex-governador também não quis falar sobre qual candidato vai apoiar no segundo turno, nem ao Governo nem à Presidência. “Amanhã ou depois vamos reunir partido para definirmos se tomamos posição, que rumo tomaremos. Não decido sozinho”. Junior Mochi, Renato Câmara, Marcio Fernandes, Waldemir Moka e Carlos Marun são as lideranças do partido citadas por Puccinelli como os convocados paras as discussões.
André Puccinelli adiantou que, contudo, o MDB deve esperar ser procurado pelos candidatos ao governo e o mesmo deve acontecer no âmbito nacional. “Não vamos oferecer [apoio]”.
Puccinelli teve 17,18% dos votos (247.093) e surpreendentemente ficou com o terceiro lugar. A eleição em Mato Grosso do Sul será decidida em segundo turno, no dia 30 de outubro. Capitão Contar (PRTB) parte para a segunda etapa da campanha eleitoral na liderança, com 26,71% dos votos válidos (384.275). Ele disputará com Eduardo Riedel (PSDB), que obteve 25,16% da preferência do eleitorado (361.981 votos).
Desde o início, André Puccinelli era o líder nas pesquisas. Em junho, ele tinha a preferência de 22,1% dos entrevistados pelo Novo Ibrape, a pedido do Campo Grande News.
A última medição feita pelo instituto, divulgada na quarta-feira (dia 28), um dia antes do pedido de apoio de Bolsonaro a Contar, mostrava o segundo turno entre Puccinelli, com 26,83%, e Riedel, com 20,61%. Rose Modesto (UB) estava em terceiro lugar, com 16,63% da preferência e Contar aparecia só em quatro, com 16,12%. Este último levantamento, feito entre 22 e 27 de setembro, trouxe os votos válidos, mecanismo que exclui os brancos e nulos, usado pela Justiça Eleitoral na apuração.